V FESTA - Festival Nacional de Teatro de Araguari
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A Casa do Teatro representou Conselheiro Lafaiete no V FESTA, em Araguari, com os espetáculos Os Saltimbancos (infantil) e O Cachecol Azul (Drama).
Indicações e Premiações a Casa do Teatro:
CATEGORIA DRAMA
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Melhor ator: Geraldo Lafayette - O Cachecol Azul
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Melhor atriz: Mayara Souza - O Cachecol Azul
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Melhor cenário: O Cachecol Azul
Indicação composição cênica - O Cachecol Azul
Indicação figurino - O Cachecol Azul
CATEGORIA INFANTIL
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Melhor atriz coadjuvante: Mariana Silva - Os Saltimbancos
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Melhor maquiagem: Os Saltimbancos
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Melhor figurino: Os Saltimbancos
Parabéns elencos de Os Saltimbancos e de O Cachecol Azul! A premiação é o resultado que podemos esperar de um trabalho realizado em equipe.
#JuntosSomosMais

BÁLSAMO À ALMA
Gustavo Burla, 22-VI-2017
De longe, ainda por trás do TNT preto que cerca a quadra, chamas pontuais dão o contorno do cenário: velas no que se mostraram castiçais elevados ou em fila quase no chão. Ao fundo, espelho do público. Depois de passada a cortina, a semi-arena abraça cinco mulheres sob o olhar de um imponente homem ao fundo, no primeiro toque de ironia do espetáculo: o que se vê primeiro é o que menos se percebe passar durante a cena: o Tempo. Numa quadra onde se espera encontrar lances culminando em gols ou cestas ou cortadas, nos acolhe um cheiro estranho, um pouco de vela, de serragem, da brisa que carrega o clima gostoso do Festival de Teatro de São João Nepomuceno. Décimo quinto espetáculo. Para alguns o último, para outros o único, para tantos um dos vinte assistidos na maratona do Corpus Christi de 2017. Ao final, o primeiro. A plateia se acomoda nas cadeiras, no chão, de pé onde é possível enquanto o elenco de Conselheiro Lafaiete espera na meia-luz que mostra uma configuração em M das mulheres sentadas ao lado de malas, não se sabe se de chegada ou de partida. E vem a música, a luz sobe, um foco branco sai das costas do público e ilumina o Tempo. Deste instante ao último, quando o título da peça é proferido, somos todos um. O espetáculo flui como uma melodia, em que a cenografia e os figurinos se misturam a partir do chão, de onde vem boa parte da luz, mutando passos em nuvens, espectros, essências das rosas que se espalham sobre a quadra. Por toda o espaço, do elenco ao público, sinergia que não foi rompida sequer pela insistência da criança a morrinhar na segunda fileira. O comandante de todo esse compasso é o metrônomo, o Tempo conduzido por João Ramos, atrator do primeiro olhar do público ingressante, capaz de piscar apenas quando ele permite. As pedras na ampulheta seguem como sístoles e diástoles no jorro poético reconfigurado a cada grão que cai. Uma fala, um grão, um novo significado para o mundo. Sim, aquele espaço-tempo mítico era o mundo todo. O Tempo é bergsoniano, é plural. Fica e vai e vem conforme a vida pede, diversificando-se em durações. Nossa percepção do tempo perde a pureza, torna-se espacializado. No mesmo instante em que dialoga com momentos históricos da duração homogênea, quando o Tempo apresenta o espaço da mensuração, a História, o tempo traz a existência pelas sensações, nunca repetidas, das vozes femininas: tristezas diferentes, alegrias diferentes. A duração heterogênea assoma-se no novo átimo, para consumir-se na pedra seguinte depositada. Nesse espetáculo de intuição (ainda estamos em Bergson), a trama das representações é desnaturalizada, toda simbologia se metamorfoseia na duração heterogênea levada por cada espectador. Depois da saída, porque ali dentro cada um é todos, uma orquestra de batimentos sincopados do fundo com a força, da frente pela leveza. As vozes não se espalham: apontam e acertam em cheio. Choram Marias e Clarices, Lúcias e Daisyluzes, Adélias e Inês, Rafaelas e Graças e Coras. Choramos todos, abençoados pelos deuses, do teatro ou não, encharcados por Iemanjá. Várias vozes falam por cada uma ou uma voz fala por todas. Pausas que seguram o público, seja por intenção ou falha, sem problemas na ajuda, sem perda do ritmo, sem desafinar. Embargante, foi esta a primeira palavra escrita depois, quando alguma palavra veio. Diante, sentada, cantando, falando, levando sua mala ou lavando a roupa, Daisyluz Vieira. Poderia ser por conta do foco do Tempo, cuja ponta esbarra nela. Mentira. Sem spot, ela segue atraindo olhares, mesmo quando sai do limite do chão para lavar a alma à beira do rio. E volta dominando cada movimento, desde que o colar da mala não escorregue para o lado errado. E roda mundo, roda pião, até que um dos fios se esvai na chama de uma vela. Por que Geraldo Lafayette entrou em cena e conferiu se nada inflamava? Para deixar o elenco tranquilo, foi a resposta do colega de júri Renato Ferreira. Justo, ético, humano. Foi, sim, a mão maior que a do Tempo, a que regeu tudo e permitiu que no dia 17 de junho de 2017, Perfume de rosas estivesse ali. Antes do blackout já me vi de pé aplaudindo. Continuo até hoje. Difícil acostumar.
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12º Festival de Nepopo
Lafaiete ganha prêmio de melhor espetáculo a nível nacional no 12º Festival de Teatro de São João Nepomuceno, com a peça Perfume de Rosas.
É o nome da cidade correndo o mundo através do Teatro. De 10 prêmios da categoria, recebemos 08, mais a consagração como o melhor do festival.